Descrição
Abadon, o Exterminador, publicado originalmente em 1974, é o último
romance do argentino Ernesto Sabato. A obra encerra uma trilogia
iniciada com O túnel (1948) e Sobre heróis e tumbas (1961). Ao lado de
Jorge Luis Borges, Sabato é tido como um dos grandes autores argentinos
do século XX, com uma prosa marcada pela erudição, pelo refinamento do
estilo e pela capacidade de questionar o fazer literário até o limite.
Este é seu trabalho mais experimental. A estrutura narrativa é
fragmentada, com mistura de histórias paralelas, análise filosófica e
crítica literária, numa combinação de eventos autobiográficos e fantasia
imaginativa. A maior parte da narrativa se passa ao longo de um único
dia em Buenos Aires, em 1973, mas há referências à Segunda Guerra
Mundial, à Guerra do Vietnã, assim como a personagens de livros
anteriores, como Bruno, Martin e Alejandra, de Sobre heróis e tumbas, e
Juan e Maria, de O túnel. Clássico inconteste da literatura
latino-americana, este livro é considerado um “romance total”: sonhos,
dúvidas, notícias de jornal e conversas fortuitas dividem espaço com
personagens e eventos históricos, de Sartre a Baudelaire e Che Guevara,
do terrorismo à libertação sexual, do antissemitismo ao stalinismo.
Sabato costumava dizer que a característica essencial da literatura é
compor um retrato ao mesmo tempo fiel e complexo da experiência humana,
mas sem produzir um reflexo mecânico da realidade. Abadon, o
Exterminador é uma ilustração eloquente dessa convicção. ERNESTO SABATO
(1911-2011) foi um dos mais importantes escritores argentinos. Doutor
em física, abandonou a ciência para se dedicar à literatura e à pintura.
Militante comunista na juventude, tornou-se na maturidade um dos mais
combativos defensores dos direitos humanos, tendo presidido em seu país
em 1983-4 a Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas.
Publicou os romances O túnel, Sobre heróis e tumbas e Abadon, o
Exterminador, e os livros de ensaio Heterodoxia, homens e engrenagens,
Antes do fim, O escritor e seus fantasmas, entre outros. Sua obra foi
reconhecida por escritores como Albert Camus e Thomas Mann.