Descrição
Ao concluir a autobiografia romanceada O ginógrafo, a pedido de um
bizarro executivo alemão que fez carreira no Rio de Janeiro, José Costa,
um ghost-writer de talento fora do comum, se vê diante de um impasse
criativo e existencial. Escriba exímio, “gênio”, nas palavras do sócio,
que o explora na “agência cultural” que dividem em Copacabana, Costa,
meio sem querer, de mera escrita sob encomenda passa a praticar “alta
literatura”. Também meio sem querer, vai parar em Budapeste, onde
buscará a redenção no idioma húngaro, “segundo as más línguas, a única
língua que o diabo respeita”.
Narrado em primeira pessoa, combinando alta densidade narrativa com um
senso de humor muito particular, Budapeste é a história de um homem
exaurido por seu próprio talento, que se vê emparedado entre duas
cidades, duas mulheres, dois livros, duas línguas e uma série de outros
pares simétricos que conferem ao texto o caráter de espelhamento que
permeia todo o romance, e que levaram o professor José Miguel Wisnik a
afirmar que se trata de “um romance do duplo”.
Tenso e à vontade, cultivado e coloquial, belo e grotesco, Budapeste
traz a perfeição narrativa de Estorvo e Benjamim e confirma Chico
Buarque como um dos grandes romancistas brasileiros da atualidade.
O romance ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de 2003 e o IV Prêmio
Passo Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura, em 2005.