Descrição
As emoções e os pensamentos refletem-se na saúde do homem? Sim, claro que sim, e praticamente ninguém mais ignora isso. Mas são raríssimas as vezes em que esse tema é discutido por profissionais competentes — da psicologia, fisiologia, medicina comportamental e filosofia — e o líder espiritual budista Dalai Lama. Emoções que curam, organizado por Daniel Goleman, é o resultado desse encontro de titãs, ocorrido em Dharamsala, na Índia.
Goleman propõe um novo sistema ético, fora do mundo religioso, o “sistema ético do corpo”, baseado na imunologia. A lógica é simples. Se tivermos emoções perturbadoras ou sentimentos ruins, adoecemos; mas se mantivermos estados mentais saudáveis, estimulamos a saúde.
Emoções que curam trata de estados negativos como raiva, depressão e estresse, entre outros, além dos benéficos como a calma, o otimismo e a bondade amorosa. Goleman narra uma experiência com um grupo de dois mil operários, no qual se mediram os níveis de hostilidade e raiva. A conclusão foi a de que uma pessoa constantemente zangada tem probabilidade uma vez e meia maior de morrer, em um período de 25 anos (intervalo entre as checagens iniciais e as finais), do que aquelas que não sentem raiva.
As causas de distúrbios psicofisiológicos, como a dor de cabeça, dores em geral, hipertensão e asma, são discutidas por Daniel Brown, professor de psicologia da Harvard Medical School e participante deste debate. Ao abordar o estresse, Brown lança uma polêmica questão: suas principais causas e, conseqüentemente, as de futuros problemas de saúde, não são as grandes mudanças na vida (como a morte de um parente), mas sim os problemas diários como ficar preso no trânsito e ter muitas tarefas a serem executadas.
O Dalai Lama dá desfecho às discussões. Ele defende um senso de responsabilidade universal, baseado numa ética que repouse na compaixão. E não deixa de fora os profissionais da área médica. “Existe um ditado que diz que a eficácia do tratamento depende mais do altruísmo do médico do que da competência dele.” E conclui: “A qualidade humana básica é a afeição. Essa é a coisa mais importante.”