Descrição
A crônica não tem começo e nem tem fim. É como uma cobra vista de relance em que o assustado questiona: eu vi a cabeça ou o rabo? É texto em que uma nuvem se meteu no meio, num céu pesado de palavras. E a gente fica concentrado na nuvem, tentando adivinhar o que o formato significa. Tirando a formalidade, a crônica é um retrato rápido, 3×4 de algo que não é bem um rosto, de um quase sorriso se segurando para não mostrar os dentes. Há quem diga que a crônica vem da época em que a velocidade dos fatos começou a deixar pra trás tudo, e o texto, esba- forido, foi ficando assim, no passo lento, de quem apenas caminha já para não chegar. A crônica é a caminhada, não o destino. Por isso cronista parece escritor que está só de passagem. Já foi para outra calçada.