Descrição
A publicação de ‘Lições de abismo’, em 1950, foi um acontecimento
singular na literatura brasileira – a consagração fulminante de um
ficcionista que estreava aos 54 anos. Gustavo Corção (Rio de Janeiro,
1896-1978) já era um escritor pronto e ensaísta de currículo. Publicara,
com sucesso, em 1944, ‘A descoberta do outro’, espécie de autobiografia
espiritual em que narra sua conversão ao catolicismo aos 40 anos, e, em
1946, ‘Três alqueires e uma vaca’, dissecação da obra e do pensamento
do poeta e escritor inglês Gilbert Keith Chesterton (1874-1936). Denso e
profundo, o livro é o diário final de um homem que se descobre com
leucemia. O médico lhe diz que terá três ou quatro meses de vida (a
primeira anotação é de 11 de novembro; a última, de 23 de fevereiro).
Logo ele constata que a morte, como o amor, não precisa de muito espaço.
Mergulhado na memória, avalia o sentido da vida. Os escritos, de
lucidez crescente, são reflexões sobre a alma, a verdade, o absoluto, o
amor, a frivolidade, o ciúme. Documentam uma volta à fé, o reencontro
com a graça.