Descrição
O mundo se despedaça conta a história de um patriarca guerreiro chamado
Okonkwo, da etnia ibo, estabelecida no sudeste da Nigéria, às margens do
rio Níger. O momento que a narrativa retrata é o da gradual
desintegração da vida tribal, graças à chegada ao local do colonizador
branco. O delicado equilíbrio de costumes do clã vinha sendo mantido por
gerações, mas então atravessa um momento de desestabilização, pois os
missionários europeus e seus seguidores começam a acorrer às aldeias de
Umuófia pregando em favor de uma nova crença, organizada em torno de um
único Deus. A nova religião contraria a crença nas forças anímicas e na
sabedoria dos antepassados, em que acreditam os ibos. Além disso, os
homens brancos trazem novas instituições: a escola, a lei, a polícia.
Okonkwo é dos principais opositores dos missionários, mas ele não
contava com a adesão à nova crença de muitos de seus conterrâneos,
vizinhos e companheiros de aldeia. Entre eles está ninguém menos que seu
primogênito, Nwoye. Também aderem à religião do homem branco aqueles
que foram marginalizados pela sociedade tradicional, os párias ou osus,
as mulheres, os jovens sem perspectiva. Como escreve o diplomata e
estudioso das literaturas africanas Alberto da Costa e Silva no prefácio
ao livro, o romance de Achebe é uma das obras fundadoras do romance
nigeriano contemporâneo. Segundo ele, o livro “narra a desintegração de
uma cultura, com a chegada do estrangeiro, com armas mais poderosas e de
pele, costumes e ideias diferentes”. Mas, para o ensaísta, Chinua
Achebe, que escreve em inglês, “é cidadão de uma Nigéria criada pelo
colonizador” e sabe que a “História não é boa nem má, nascemos dela, de
seus sofrimentos e remorsos, de seus sonhos e pesadelos”. O romance é
considerado um dos livros mais importantes da literatura africana do
século XX. Foi publicado originalmente em 1958, dois anos antes da
independência da Nigéria. Primeiro romance do autor, foi publicado em
mais de quarenta línguas.