Descrição
Tudo está dito. Só resta sentir, por sua vez, a desoladora lucidez de
Bernanos lendo Sob o Sol de Satã. Não resumirei a história, isso
significaria privar aqueles que descobrem este livro do prazer de
devorá-lo como um romance policial, perguntando-se: “Quem foi?” O diabo
ou Deus? Esta é a grande questão do livro, até essa cena incrível, na
última parte, em que o padre Donissan tenta fazer um milagre
ressuscitando uma criança morta. O que poderia lhe dar essa força
sobrenatural: o ódio ou o amor? Esse dilema é representado por Bernanos
de maneira grandiosa. Primeiramente, o confronto entre Mouchette, que a
mentira e o mal fizeram com que ficasse exterior a ela mesma, e o padre
Donissan, que para salvar Mouchette do vazio deve enfrentar ao mesmo
tempo o desespero e o diabo, obriga o leitor a voltar à fonte misteriosa
onde tudo está ligado: a angústia e a fé, o riso e as lágrimas, a dor e
a alegria.