Descrição
Há poemas-filme, poemas-manifesto, poemas-jogo, poemas-cérebro, poemas-biografia, poemas-música, poemas-pintura, poemas-geladeira, poemas-lista-telefônica, poemas-analgésico, poemas-digestivo, poemas-almofada, poemas-sex-shop, poemas-obituário, poemas-etc. Federico García Lorca (1898-1936) escreveu poemas-poema. Seu lirismo não pede desculpas por ser o que é.
No livro que o leitor tem em mãos, estão alguns dos pontos mais altos que essa lírica atingiu, como o atormentado soneto “O Poeta Pede a Seu Amor que lhe Escreva” e o maravilhoso “Gazel do amor imprevisto”, em que constam os versos “Mil caballitos persas se dormían/ en la plaza con luna de tu frente” (aqui traduzidos por “Mil cavalinhos persas dormiam/ na praça com luar de tua fronte”), de delicadeza e perfeição incomparáveis. Não sei se a arte pode mudar o mundo. Sei que diante da poesia de Lorca é preciso mudar de vida.