Descrição
Enrique Vila-Matas é o mestre dos disfarces. Espião que segue as próprias pegadas, suas armas metralham aspas e terminam por atingir o inexistente. A ficção do escritor catalão é composta da literatura alheia, especialista que é em atribuir falsas citações. Igualmente autoficcionista e ideólogo do fiasco, Vila-Matas é um apologista da vida malograda: adoecidos de literatura, sujeitos em via de desaparecer, seus personagens fracassam até mesmo no ato de fracassar.
Trata-se de um paradoxo: como Buster Keaton, o comediante que nunca ri, os suicidas líricos deste livro nunca logram se matar. É assim que estes atores de filmes mudos ensaiam a saída pelos fundos sem nunca alcançá-la, como se fossem sombras chinesas dançando na chuva à espera de um relâmpago redentor. São todos bons vivants sub-reptícios, que, em protesto contra a estupidez do mundo, se tornaram bons mourants.