Descrição
Certa manhã, ao acordar, Ignácio de Loyola Brandão encaminha-se para a
cozinha, quando o ‘corredor balançou como um navio’. Sem se abalar,
resolve conviver com o problema. Tonturas, quem não as tem? O
autodiagnóstico indicava uma labirintite inocente. Para que se
preocupar? Meses depois, o escritor encontra-se a caminho do centro
cirúrgico de um hospital, para uma ‘cirurgia brutal’, a trepanação. Ou
seja, os médicos iam lhe abrir a cabeça. Era portador de um aneurisma
cerebral (que os médicos chamam pelo dançante nome de veia bailarina),
‘uma granada dentro de minha cabeça, que podia explodir a qualquer
momento’. Por sorte, a granada fora diagnosticada a tempo. Se
explodisse, ia deixá-lo inválido, um vegetal. Enquanto aguarda a
operação, mais ou menos como o náufrago que está se afogando, o escritor
dá um balanço em sua vida, a ameaça do aneurisma, a ansiedade se
misturam a velhas perplexidades, revê situações, amigos, como num
cineminha particular, reflete, indaga a si mesmo.